Sinopse: "A beleza e a tristeza da morte estão presentes nas páginas deste livro, não só do ponto de vista de quem embarcou para outras terras, mas também de quem ficou", diz a escritora Cristiana Gimenes, organizadora do livro Moedas para o Barqueiro - Volume II. "Eu diria que o envolvimento e a reflexão sobre o assunto são recomendáveis, afinal, a morte não só faz parte da vida, como, numa certa medida, dá sentido a ela", completa. Gimenes analisou mais de cem contos para chegar nos 67 textos que compõem o livro. SKOOB
Recebi a alguma tempo do Rafael Sales, parceiro do blog, o
livro Moedas para o barqueiro volume II e hoje, depois de ler os 67 contos, vou
compartilhar com vocês a experiência de ler essa obra.
Começo falando em como o destino sabe nos pregar peças e às
vezes brinca com a realidade: não é que um livro que fala sobre a morte teve um
de seus autores falecido antes de ser lançado? Sim, uma grande ironia desse
nosso destino, a morte (em pessoa) querendo dar seu toque final a obra.
Desculpem os que considerarem o comentário de mau gosto, mas foi realmente um
fato muito curioso e eu não poderia deixar de comentar.
O livro é uma seleção de 67 contos sobre a morte escrita por
67 escritores incríveis da nossa literatura fantástica nacional moderna. Tratar os mitos da morte é sempre fascinante
e o livro é muito bem escrito e organizado brilhantemente pela Cristiana
Gimenes. Pensei algum tempo em como escrever essa resenha, são tantos contos
curtos que seria complicado falar de todos, então vou falar de alguns que mais
chamaram minha atenção por algum motivo.
Inicio com Chego antes
de você do Cristiano Rosa. O conto trata da última conversa de uma suicida
com um atendente de hotel (confesso que não sou adepta do suicídio, o acho uma
forma melodramática de fuga e não acredito que a fuga só serve aos fracos de caráter), mas o conto chamou minha atenção pela forma que foi escrito: Lilian é uma
mulher muito decidida e mostra sua “força” de decisão de forma leve.
Nunca beije a morte de
Larissa Rodrigues esse foi certamente meu conto favorito. Ângela, uma garota
que estava magoada e que era solitária, vai até a morte e descobre o quão belo
ele é (sim a morte nesse conto é um lindo e solitário rapaz), nossa mocinha
ainda não estava na hora de ser levada, mas as coisas sempre podem mudar com um
beijo.
O conto Zulmira, de Paula Tura, me lembrou muito ficção cientifica: nossa moça é uma pioneira, ela cria
comunidades para abrigar pessoas pós morte e é muito boa nisso e assim, após
montar a comunidade, ela segue sua missão. Vale a pena conferir esse conto muito
interessante.
Epitáfio de Juriene
Pereira da Silva; esse conto me chamou atenção porque além das pessoas não
terem nome, ele narra a linda história de amor de um cantor lírico cego que se
apaixonou por uma menina enquanto ela era criança e que a esperou crescer para
concretizar seu amor. O conto é lindo e trata do amor de forma muito sóbria e romântica.
Verdade e conseqüência
de Guilherme Mafer; esse conto é ótimo porque ele não tem como interlocutor
um humano e quando descubro do que se trata, cai a ficha total. Esse
conto é muito bem escrito e deixa a gente na expectativa de saber quem está
contando desde o começo até o final.
O beijo da Dama de
Rafael Sales. Antes de qualquer coisa, eu realmente separei esse conto por
gostar dele e não porque foi o Rafael que mandou o livro (essa blogeira não tem
nenhum compromisso de falar bem de alguma obra por algum motivo, eu escrevo o
que gosto e adorei esse conto), voltando ao conto. Ele se passa na idade média
e mostra que todos, TODOS, não importado a classe social, vão se encontrar com a
Dama e receber seu beijo. O conto é bem fascinante pela forma como a Dama se
comporta que me parece bem verdadeira caso ela exista e como algumas pessoas
arrogantes acham que podem ter toda a diversão de qualquer pessoa quando bem
entenderem.
O Viajante de H.
Revolta: esse é o primeiro conto publicado pelo autor que faleceu (como eu
falei antes) e faz a gente lamentar de forma mais profunda a perda, pois o conto
é incrível e revela uma mente brilhante para contar histórias, seria um GRANDE
expoente na nossa literatura se tivesse tido mais tempo. Ele conta a história
de Basílio e como esse comerciante de morte encontra, em um dia de chuva pesada, com o implacável
destino e como devemos cuidar nossos atos porque a conta pode sair cara demais
para nossos bolsos.
Eu li Pravda de Claudia
Vasconcellos mais de uma vez de tanto que gostei dele:
conta a história de um russo tentando ser conhecido em seu país. Como ele
desconhecia quantos homens morreram no espaço em nome da Mãe Russia, entrega sua
juventude e sua vida ao programa par ver a nossa casa azul. Como nem tudo são
flores, ele tem que enfrentar a imensidão azul se afastando e o horizonte
infinitamente negro chegando mais e mais perto.
Sonata Em G Menor de
Raphael Soares. Outro conto sensível falando de um homem que quer
notoriedade (mas esse na música), quer ser reconhecido, quer que sua obra
clássica se torne clássica, mas para isso precisa de algo importante: estar
como todos os seus ídolos estão, MORTOS. Esse conto narra à vida e a obra de um
homem brilhante que é vítima da nossa cultura fatalista.
O último que vou destacar é LIMBO de Bruno A. porque ele retrata a espera pela morte ou pelo
retorno, a angustia de uma sala branca vedada e vazia onde você é sua única
companhia e a janela, sua única forma de distração momentânea. Ver a vida passar
nunca é uma boa coisa e se você estiver preso em sua própria existência sem
sentido, torna-se um inferno de enfrentar. Esse conto é profundo e nos faz
refletir um pouco sobre a existência.
Bem, termino esse breve relato sobre o livro falando que
todos os 67 contos são incríveis eu só tive que fazer uma seleção para
conseguir terminar essa resenha porque, se fosse falar de todos, ficaríamos aqui, eu escrevendo horas a fio e vocês lendo, e eu poderia estragar algum conto
porque tem alguns mais curtos que uma palavra poderia acabar com o clímax.
O livro vale a pena
ser lido então venha nessa viagem ao outro lado, mas não esqueça suas moedas, a
gente nunca sabe quando vai precisar dos serviços de Caronte.
Beijos Malditos
Susana
SINOPSE: Segundo a mitologia grega, o mundo dos vivos é separado por um rio do mundo dos mortos, e Caronte, o barqueiro, atravessa a alma dos que desencarnam mediante o pagamento de duas moedas. Por causa dessa crença mitológica, até hoje, algumas culturas incentivam que uma moeda seja colocadas por seus entes amados em cada olho do falecido. Assim, não lhe faltaria o pagamento devido ao barqueiro e o desencarnado não ficaria preso entre duas terras. MOEDAS PARA O BARQUEIRO – VOLUME III traz novos contos sobre a única certeza da vida.Booktrailer
parabens!
ResponderExcluirnão é meu tipo de leitura mas parabens pela resenha
ResponderExcluirparece bem interessante
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirAchei o seu blog andando pelo Google, enorme coincidência. Obrigada pela resenha positiva do meu conto Pravda. Que bom que gostou de lê-lo, aposto que gostou tanto quanto eu gostei de escrevê-lo. :D Agradeço também pela resenha positiva de Limbo, do meu namorado Bruno A.
Abraços.