Bem, não espliquei antes, mas algumas amigas Blogueiras e eunos unimos em um projeto.
Vamos escrever contos e uma vez por mês publica-los.
O conto de estreia é da Eykler do blog Agridoce.
Nosso tema do mês é Revolução
“SE NÃO TÊM PÃO; QUE COMAM BRIOCHES”.
FONTE: Ele e Ela On
Rachel nunca se considerou uma
ativista, mas também não fazia parte do grupo que se fazia de cego, surdo e
mudo.
Estudante o sexto período de Ciências
Sociais, ela tinha consigo a seguinte frase: “O povo e o boi não sabem a força
que tem”, sendo assim ela sempre defendeu suas convicções, sem se deixar levar
pelas opiniões da massa.
Carlos, por sua vez, era do tipo
explosivo; seu lema sempre foi: “Se não brigar pelo o que acredito ninguém o
fará por mim.” E com isso Carlos sempre se ia à frente das manifestações e
reivindicações do Diretório Acadêmico da Faculdade de Ciências Sociais.
Ambos estavam na mesma sala, e com
opiniões sempre tão divergentes, não era de se estranhar que viviam se
engalfinhando pelos corredores.
No decorrer do ano letivo, o professor
de Ciência Politica propôs um trabalho em grupo cujo tema seria Revolução
Francesa. Ao ver o tema do trabalho, Rachel se sentiu com a sorte grande, pois
em sua época de colégio a Revolução Francesa foi seu momento histórico
favorito. A força da massa, em derrubar o poder francês da época foi o que a
motivou a ter consigo a sua frase preferida. Ela sempre se viu em meio às
batalhas da época, e isso a deixava um pouco incomoda, porque ela sempre pensou
que as manifestações podem ter consequências muito diferentes das que são
propostas.
Como o trabalho seria em grupo, o
professor fez o sorteio dos membros,e para infelicidade de Rachel e felicidade
de Carlos, eles estariam no mesmo grupo. Carlos viu ali a chance de mostrar a
Rachel que ela deveria se posicionar quanto ao que ela acredita, e Rachel sabia
disso. Para ela estava instaurada ali uma batalha que ela não sabia se queria
lutar.
Com os grupos definidos, e com seu
espírito de liderança; Carlos resolveu marcar a primeira reunião para
discutirem a linha a ser tomada no trabalho, para o próximo sábado. Rachel
tentou por todos os meios possíveis adiar esse primeiro debate, para poder
estudar todas as nuances da Revolução Francesa, e rebater as propostas idealizadas
por Carlos, mas com a maioria do grupo achou melhor começarem logo. Rachel se
viu sendo voto vencido, e Carlos ganhou sua primeira batalha.
Naquele mesmo dia Rachel já começou a
estudar para defender seu ponto de vista, o que nem sempre coincidia com a da
maioria. À noite vendo os telejornais, pois é a única coisa que ela vê na TV,
por diversas vezes ela se viu ‘torcendo’ para a polícia e o pelotão de choque,
quando os baderneiros e bandidos se infiltravam em manifestações que estavam
ocorrendo naquele exato momento em seu país. Manifestar é uma coisa; bagunçar a
vida de toda uma cidade e região é outra, Rachel pensava enquanto imagens de
destruição e saques iam sendo exibidas na TV. Ela também se emocionava, e
ficava orgulhosa de sua geração quando via os protestos pacíficos e os jovens
de sua geração se faziam ouvir. Em meio a tantos pensamentos, Rachel adormeceu
e teve um dos sonhos mais fantásticos.
“Rachel corria, ela não sabia para
onde estava indo, mas ela sabia que precisava fugir. Ao longe ela ouvia sons de
cachorros latindo e tiros sendo disparados. Seus pulmões ardiam, ela já não
aguentava mais correr, mas algo a impulsionava a ir sempre em frente.
Ela vestia roupas características do
século 17, seu vestido simples, de camponesa, era levemente armado nas saias, e
seu espartilho lhe aperta tanto o tronco que ela sentia que seu coração sairia
pela boca ao qualquer momento.
Ao longe ela ouvia uma voz masculina
que gritava: ‘Corram, ela não pode ter ido longe; afinal não passa de uma
mulher. ’ Ao ouvir isso seu sangue ferveu, ela teve um breve desejo de voltar,
mas sabia que se voltasse correria risco de ser presa e ficaria sem poder
defender seu ideal. De repente, quando parou para se recuperar um pouco, sentiu
uma mão tampar-lhe a boca e de súbito foi puxada para dentro de uma porta, que
tão logo foi fechada, ficou camuflada entre as trepadeiras que se erguiam pelo
prédio.
Lá de dentro, ela ouviu os cachorros
que a perseguiam passar pelo lado de fora da porta, e os guardam que a
perseguiam gritando palavras de ordem.
- Fique calma, aqui dentro conosco
você está segura! – disse a misteriosa voz que a salvou. – Me chamo Jean Jacques;
e qual seu nome?
- Marie; eu me chamo Marie. – “aturdida por revelar seu nome ao um
estranho, ela não viu outra solução a não ser acreditar que ele poderia lhe
ajudar.”.
De fora de seu sonho Rachel tentava
se desvencilhar de tudo aquilo, acordou assustada, sem saber o que acontecia.
Viu que tinha adormecida na sala de sua casa, levantou tomou um copo d’água, e
pensou que toda aquela história de Revolução Francesa, fazer parte do grupo de
Carlos, e ser voto vencido a tinham deixado pensativa e temerosa, e ela nem
havia percebido isso. Resolveu tomar seu banho, e deitar na sua cama, afinal
grande parte do outro dia seria dedicado a estudar para a reunião sobre o
trabalho, tendo em vista que já era quarta-feira e ela teria somente dois dias
para se preparar para enfrentar Carlos. Mas o que Carlos fazia em seu sonho,
como Jean Jacques ela não soube se reponder...
Acomodada em seu travesseiro, e
descansada pelo banho que acabou de tomar, Rachel preferiu ler um pouco, até
que o sono viesse novamente. Ela poderia ter escolhido qualquer livro em sua
estante, mas quando deu por si estava com o livro HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO
FRANCESA - Da queda da Bastilha à festa da federação, da autora Jules Michelet.
Ela se lembrou de ter comprado esse livro quando precisou fazer um trabalho no
colégio. Como era o que pretendia fazer no dia seguinte, Rachel acomodou em seu
travesseiro e se pegou a leitura. Adormeceu...
“- Marie; eu me chamo Marie.
- Pois bem Marie parece-me que você
está em apuros.
Sentaram no que pareceu a Marie ser
uma cozinha improvisada, e Jean Jacques ofereceu a Marie o que seria a sua
primeira refeição do dia, e ela lhe contou do que fugia.
Os guardas invadiram sua casa, depois
que seu pai, um camponês militante na Revolução que explodia pela França afora fora
preso, e condenado a forca. Como a ordem
era prender todos que eram contra o governo, ela por ser filha de um militante
também se viu correndo risco de ser presa. Ao ouvir os guardas ela fugiu pelas
portas dos fundos de sua casa e ficou observando de longe os guarda revirarem
sua casa e depois de não encontrar nada que comprometesse atearem fogo nela e
falar que precisavam encontrar a filha
do camponês. Com cães perdigueiros, mestres em caça, eles colocaram os cães em
seu encalço e logo a viram correndo ao longe.
Como inocente se viu sendo
perseguida, ela agora decidira que aquela luta agora era dela, e que seu pai
não morreria em vão; a luta de seu pai agora era sua luta.
Apesar de saber que para Marie seu
pai ter sido preso era um sentimento de sofrimento, ele gostou de ver a
determinação na voz e na atitude dela.
Ele explicou a ela todo o principio
da Revolução, o que o levará até ali, e a convidou para fazer parte dos
Revolucionários. Jean Jacques e sua equipe, por assim dizer, ficaram incumbidos
de invadir a Bastilha e dali retirarem toda munição que assim pudesse. O grupo
era composto só por homens, mas ele estava disposto a ajudar Marie a se tornar
uma revolucionária.
Vendo o cansaço estampado no rosto de Marie, Jean Jacques
ofereceu a ela um dos aposentos da casa, ela aceitou; afinal sentia que a
qualquer momento poderia desmoronar de cansaço. Ele a avisou que ele e seu
grupo atacariam a Bastilha dali a três dias, e que ela teria esse tempo para
pensar se realmente queria ser uma revolucionária e entrar para a história”.
Rachel acordou no outro dia com a
sensação de um trator ter passado por seu corpo, e confusa com seu sonho. Ela
uma revolucionária... Somente em sonho. O dia passou voando, e conforme
planejou estudou a Revolução Francesa de todas as formas que pensou ser
possível. No final do tarde resolveu descansar antes de ir para a faculdade. Já
na faculdade evitou Carlos o quanto pode, queria deixar o embate entre os dois
somente para sábado, onde havia decidido que iria desbancar qualquer teoria que
por ventura ele estivesse elaborando.
Sua noite foi tranquila e sem sonhos,
o que a deixou mais descansada e com vontade de estudar na sexta-feira. Pegou
todos os livros que pode e que possuía sobre o tema, dedicou-se apenas a
estudar. A noite com toda a sensação de dever cumprido, foi para a faculdade, e
se Carlos por ventura a viesse importunar, ela nem se importaria de ter um
pequeno e breve debate com ele. Mas na sexta Carlos não foi à aula, o que a
deixou um pouco desanimada.
Em casa, depois de assistir os
telejornais que faziam parte de seu ritual antes de ir para cama, Rachel, pegou
o livro de Jules Michelet, e se dedicou a apenas ler e sentir a história.
Sonhou...
“Decidida que seu pai não morreria em
vão, Marie se juntou ao grupo de Jean Jacques.
Na manhã do dia da invasão da
Bastilha, Marie saiu de seu aposento com os cabelos cortados, roupas
masculinas, e convicta de sua decisão. Jean Jacques ao ver aquela mulher em sua
frente sentiu um misto de orgulho e admiração e pensou que essa sim era uma
mulher para se ter como companheira. Vendo Jean Jacques em seu traje de
combate, Marie teve o mesmo pensamento e sentimento. Mas onde ela estava com a
cabeça... Esse não era momento, nem hora para se apaixonar.
Andar pelas ruas vestidas de homem
trouxe a Marie certo incomodo, pois parecia que tudo nela gritava que ela era
uma fraude. Se esquivando como podiam de onde havia o aglomerado de
manifestantes, Jean Jacques os guiou por ruas quase desertas, até chegarem
próximos a Bastilha. De longe ficaram observando toda movimentação que por
ventura pudesse haver fora e dentro da Bastilha, afinal se tratava de uma
fortaleza, e eles estavam prestes a invadi-la.
Tendo observado tudo, e visto o
melhor momento, Jean Jacques deu o sinal, e em marcha ele e seu grupo
adentraram a fortaleza medieval que se fazia tão imponente a sua frente. Claro
que os guardas ali presente os enfrentaram, e retirando força e coragem que ela
não sabia de onde, Marie enfrentou cara a cara todos os que a impediam de ter o
seu objetivo conquistado. Não foi uma conquista fácil, baixas foram dadas de ambos
os lados, e à medida que iam adentrando a Bastilha, Marie e Jean Jacques viam
que uma cumplicidade e um entendimento nasciam entre eles.
Lá dentro encontraram apenas sete
prisioneiros, e o que a principio era apenas uma invasão em busca de munição,
se tornou um ato de apoderamento. Os Revolucionários por fim tinham seu próprio
quartel dentro da Revolução. Com a sensação que o lema da Revolução lhes dava (LIBERDADE,
IGUALDADE E FRATERNIDADE) eles ficaram na Bastilha por tempo suficiente, até
seus companheiros chegarem e se juntarem a eles.
Sem saber o que fazer dali adiante,
Marie ficou sentada em uma das entradas da Bastilha. Foi quando sentiu alguém
se aproximando. Levantou de um pulo só, foi quando avistou Jean Jacques, mas
ele não vinha sozinho. Um homem, fraco, era conduzido até ela. Apesar de toda
força que reuniu para a invasão, Marie se deixou fragilizar pelo o que via a
sua frente. Apoiado pelos braços de Jean Jacques, ela via seu pai sendo levado
até ela, a sentença de enforcamento ainda não havia sido cumprida.
Com seu pai ao seu lado, com Jean
Jacques a olhando de um jeito que ela queria que ele a olhasse, e com toda força que reuniu todos esses dias ao
lado dos Revolucionários, Marie por fim soube o que deveria fazer dali adiante.
Se juntaria aos revolucionários e lutaria pelos direitos que ela tinha, e se
ela não o fizesse ninguém o faria por ela”.
O sábado amanheceu ensolarado, e ao
contrário dos outros dias em que sonhou; Rachel não se sentia cansada e com o
corpo doído. Sentia revigorada, cheia de força. E com o sentimento de quem
acabara de fazer parte da história saiu de casa para encontrar Carlos e seu
grupo do trabalho, sabendo que posição tomaria quando os debates fossem
iniciados.
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