segunda-feira, 16 de abril de 2012

Resenha de E Tem Outra Coisa...



Sexto volume da série “O Mochileiro das Galáxias”


Sinopse:
Após tantos anos, finalmente Arthur Dent encontrara a paz. Vivendo sozinho em uma praia em um planeta perdido nos confins do Universo, ele mal conseguia se lembrar do verdadeiro significado do número 42, da destruição da Terra pelos vogons e – felizmente – de que conhecera Ford Prefect e seu louco guia de viagens interplanetárias. Agora, vivia o paraíso de todo inglês típico: dias tranquilos à beira do oceano, não bebendo nada além de chá.

Enquanto isso, em outro ponto da Galáxia, Ford vivia o paraíso de todo betelgeusiano típico: noites intermináveis em hotéis cinco supernovas, com massagens, festas, garotas das mais variadas espécies e não bebendo nada além de Dinamite Pangaláctica. Ah, a vida parecia estranhamente estranho é que eles não tenham desconfiado de que nada disso era real. 

(...) 

Resignados (ou acostumados) com aquele fim terrível, eles esperam pacientemente os raios da morte enquanto tentam aproveitar seus últimos minutos. 

Mas, como as probabilidades estão sempre contra os nossos heróis, Zaphod Beeblebrox surge (provando que tudo o que está ruim sempre pode piorar) e os leva para a nave Coração de Ouro. Salvos? Não exatamente. 

(...)
É com esse enredo tresloucado e nada convencional que Eoin Colfer recupera a série O Mochileiro das Galáxias, de autoria de Douglas Adams. Com a mesma capacidade de ironizar a sociedade e o mesmo olhar crítico sobre nossos costumes e crenças, Colfer dá um novo fim para os personagens mais azarados da Borda Ocidental da Galáxia – de uma maneira que deixaria Adams orgulhoso. Situações cômicas, personagens bizarros e humor ácido dão forma a E tem outra coisa..., o esperado sexto livro da trilogia original de cinco volumes. Skoob

Muito tempo se passou (18 anos) entre a primeira publicação de “Praticamente Inofensiva”, de Douglas Adams, e o lançamento de “E tem outra coisa...”, de Eoin Colfer. Neste período houve coisas boas, como o lançamento do filme de cinema (mencionado na resenha de “O Guia do Mochileiro das Galáxias”) e coisas tristes, como o falecimento de Adams. Seria o fim da série do “Mochileiro das Galáxias”, caso Colfer não tivesse assumido a função criativa de escritor. Graças a sua bela capacidade criativa, a série foi retomada recentemente, sendo lançada aqui pelo “Consórcio das Galáxias”, formado pela parceria das editoras Arqueiro (representante no Brasil da série do “Mochileiro das Galáxias”) e Record (representante no Brasil dos livros de Eoin Colfer, como a série Artemis Fowl).

Apesar de 18 anos separarem o lançamento de “E tem outra coisa...” do livro anterior, o tempo para os protagonistas passou de forma diferente: o livro começa relatando como decorreu a longa vida de nossos protagonistas antes de retomar o ponto final de “Praticamente Inofensiva” e iniciar, de fato, a estória. A destruição iminente da Terra é iniciada e, devido à improbabilidade, Zaphod Beeblebrox e sua nave, a Coração de Ouro, se juntam a Arthur, Ford, Trilian e Random. Apesar de estarem em uma nave tão extraordinária, sua fuga só torna-se possível após Arthur reencontrar outro personagem que cruzou (brevemente) por sua vida alguns livros atrás: Bowerick Wowbagger, o Infinitamente Prolongado (mencionado em “A Vida, O Universo e Tudo Mais”) e sua espaçonave incomum.

O desentendimento entre Bowerick e Zaphod não só permitem nossos protagonistas se salvarem, como dá um rumo para a estória, onde Zaphod, guiado por vingança aos insultos merecidos, busca outro personagem que Arthur encontrou no terceiro livro. Neste meio tempo, Wowbagger é obrigado a suportar seus indesejáveis passageiros, em especial a revoltada adolescente Random.

Neste livro, diferente dos anteriores, a narrativa não é centrada unicamente nos protagonistas de sempre (Arthur, Ford, Tricia/Trilian), mas dividi-se com outros dois persobnagens: Hillman Hunter e Constant Mown.

Hillman Hunter é o regente do recém fundado planeta Nano, colonizado pelos mais abastados terráqueos que tiveram a oportunidade de sair da Terra antes que fosse tarde de mais. Apesar de Nano ter sido construído de forma inigualável pelos construtores de Magrathea, há problemas complexos envolvendo os novos habitantes. Para conseguir contornar a revolta dos empregados e a indesejável colônia de “Queijomantes” (adoradores do queijo), Hillman propõe a contratação de um deus. Para isso, ele passa a avaliar currículos e entrevistar deuses e sub-deuses desempregados enquanto aguarda o esperado “deus classe A”.

Constant Mown, o outro personagem que divide a narrativa, é um vogon, mas não um vogon qualquer:  Mown é o filho do Prostetnic Vogon Jeltz, o capitão da “Nave Hipereapacial Vogon Fim de Papo” e responsável pela missão de destruir a Terra e garantir que ela fique destruída (algo realmente complicado, se tratando de um mundo situado numa região plural do universo). Enquanto Jeltz busca concluir sua missão de destruir a Terra e todos seus habitantes (o que inclui os colonizadores de Nano), Mown fica apreensivo, questionando a própria natureza destrutiva Vogon.

Colfer deixa claro que este é um livro para reativar a série, retomando personagens citados nos cinco livros anteriores. Entretanto, outra coisa que fica clara é que Colfer não é Adams. Enquanto a narrativa dos livros originais flui de forma natural, com explicações feitas hora pelo narrador, hora pelo Guia; aqui as explicações sobre o universo partem unicamente das notas do Guia, o que demonstra menos intimidade com a série do que seu criador e uma postura muito cuidadosa para não desrespeitá-la. A linguagem é outro ponto diferente. Quando li este livro, chamou-me a atenção que os xingamentos correm soltos, o que me fez questionar se os tradutores anteriores não haviam sido mais pudicos. Mas, depois de conversar com fãs de Artemis Fowl, percebi que este estilo é do novo autor, e não do tradutor.

Ao final do livro, a vida dos personagens começa a se estabilizar. Problemas são resolvidos, personagens ganham dinheiro, fama ou sossego, e todos ficam felizes (ou quase isso). Como ato final, um detalhe do universo do “Mochileiro das Galáxias” é retomado, concluindo a estória de forma muito criativa e indicando que, para o próximo livro, o autor deverá ser muito mais criativo.

Muitos fãs de Adams podem não gostar de certas mudanças no rumo da série provocadas por este livro (como um Vogon mais “humano” e uma Coração de Ouro sem a personalidade de Eddie), mas não é nada que não de para se acostumar. Afinal, se eu, que sou fã de Jornada nas Estrelas, consegui me acostumar com o destino do planeta Vulcano em Star Trek (2009), um fã de Adams não terá problema de aceitar e se adaptar ao novo estilo e às novas aventuras que estão por vir.

O Autor

Eoin Colfer (pronuncia-se “Ouen Cólfer”) é um professor e autor de livros infantis, que mora com o filho e a mulher na Irlanda.

Nasceu e foi criado em Wexford, cidade litorânea no sudeste da Irlanda. Começou a escrever peças ainda muito cedo, obrigando seus infelizes colegas de turma a se vestir de vikings arruaceiros. Intimidado pelo encorajamento constante da família, ele continuou a escrever depois de adulto. Seu primeiro romance, Benny and Omar, tornou-se um best seller na Irlanda, e Artemis Fowl, seu primeiro livro com o brilhante e jovem anti-herói, virou um sucesso internacional imediatamente. Artemis Fowl ganhou o WHSmith de Livro Infantil do Ano na "Escolha Popular" e o de Livro Infantil do Ano do British Books Awards. Skoob


Esta resenha é a última da Promoção Mochileiro das Galáxias. Comente as resenhas do “Mochileiro das Galáxias”, como esta, e preencha o FORMULÁRIO, para participar.

P. M. Zancan

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